quinta-feira, 13 de setembro de 2007

JORNALISTAS E O CONFLITO: ÉTICA X COMPORTAMENTO HUMANO



“Um jornalista para ser ético não deve ser só na sua profissão; ele deve ser um filho ético, um namorado ético, um amigo ético”.
Essas palavras de Felipe Pena durante uma palestra no INTERCOM 2006, chamam a atenção para uma discussão: Há como dissociar um jornalista “ético” do seu comportamento como humano?
A ética profissional e a ética pessoal e individual nunca devem estar separadas. Se um indivíduo é um bom profissional, que busca a ética em seu trabalho, mas trai a sua mulher, por exemplo, a sua conduta deve ser colocada em dúvida.
Se esse profissional não está preocupado com as pessoas que são mais próximas, qual será o comprometimento dele com a sociedade?
O que se vê atualmente são profissionais da comunicação buscando a ascensão no emprego, almejando o status de celebridade e causando grandes transtornos sociais. Como o exemplo retratado em um filme.
Jornalistas como Stephen Glass, do filme O Preço de uma Verdade, não são raros. Até porque o personagem do filme de Billy Ray é baseado numa história real.
O jovem gênio que evoluiu rapidamente de um mero redator em Washington a um redator freelancer da grande revista The New Republic, a cada dia ficava mais famoso por conta dos artigos que escrevia, porém viu a sua carreira acabar de repente, quando descobriram que 27 dos 47 artigos que tinha escrito eram forjados. As mentiras eram tão grandes que até as provas e fontes eram tramadas.
Profissionais como estes que costurados ao individualismo, cada vez mais presente nas redações, transferem-se do posto de comunicador e transmissor da verdade para o de contador de histórias mirabolantes, tudo isso por causa da sede do sucesso.
Mas essa não é só uma questão de individualismo, por mais que este seja um dos principais propulsores dos desvios de conduta. Os jornalistas são humanos, que passam por dilemas e conflitos internos como qualquer pessoa. Esses profissionais vivem uma briga pessoal e diária entre a ética e a profissão. Não é fácil viver num meio onde o que mais se valoriza são os fatos e que valores como amizade e lealdade são sempre deixados em segundo plano e por fim ainda se é cobrado da sociedade ética. Ser jornalista é muito mais difícil do que se imagina.
A rivalidade entre os profissionais e a competição entre os meios de comunicação, conflitos entre editores, jornalistas e os veículos também fazem parte dessa gama de contradições que levam na maioria das vezes a projeção da notícia ficar acima da ética profissional e humana.
O que acaba sendo esquecido é que esses profissionais da comunicação também fazem parte da sociedade e que os reflexos do que se é transmitido por eles também os atinge.
Mesmo com todos esses conflitos existentes no meio jornalístico, não se justifica a ato de forjar verdades, adornar acontecimentos em nome da projeção pessoal.
O jornalismo/jornalista deveria proteger a liberdade dos cidadãos ao revelar a verdade, mas essa verdade se afasta cada vez mais do seio da sociedade.É claro que a verdade absoluta não existe, por mais que se busque a imparcialidade na transmissão de notícias, cada profissional de posse das subjetividades individuais que são intrínsecas de todo ser humano, conta o fato sob a sua ótica. Mas o que nunca pode ser deixado de lado são os princípios éticos, que se seguidos não permitem que o direito do outro seja ferido.

2 comentários:

Ψ Maylu Ψ disse...

Amiiiigggaaa
Eu já vi esse filme uhuhuhu
\o/
OBS: Fotos agora em:
http://maylu7.nafoto.net/
uhahuahuah
Saudades demaisss de vc amigaa!
te amooo
bjuu

Mi do Carmo disse...

hummmm...
A questão da ética é com todas as profissões... mas é claro que nós, jornalistas, e na mesma linha, os profissionais de direito sofremos mais com isso.

Dificil né? Porque a etica é pessoal, e as questões de valores sociais são complexamente próprios de cada cultura. E o limite? Só você mesmo para julgar...

Muito bom texto. Digno de uma jovem jornalista, recém chegando na área mas com a esperteza de quem tem bons olhos para a "coisa".

Te amo!